quarta-feira, 13 de agosto de 2008

A felicidade é um saco

É incrível como nunca estamos satisfeitos. Estamos sempre em busca de alguma coisa que nos faça sentir ?completos?.
Eu particularmente nunca tive grandes ambições. Do tipo ganhar na loteria, ser pós-doutora em não sei lá o quê ou casar com um velho milionário.
Meus sonhos estão mais pautados em um casamento com um cara bacana (que saiba fazer comida e filhos), ter filhos, exercer minha profissão e uma casinha arrumadinha.
Tudo relativamente fácil de se alcançar.
Justamente por medo de querer algo grandioso demais e conseguir. E pensar: "E agora? O que vai me motivar daqui pra frente?Tá dado? Acabou? Felicidade é isso?".
Sempre achei que ela estivesse nas entrelinhas do dia a dia. Mas contraditoriamente, preciso de motivações e estímulos para continuar.
Não para "chegar lá" de fato, mas para o percurso ser mais interessante.
Esses dias, depois de tanto tempo, até sentir um friozinho na barriga quando meu chefe me chamou pra conversar.
"Eba! Agora ele vai falar que não precisa mais de meus serviços como estagiária e me demitir."
- "A nossa seção está precisando mais de você, Marília".
Apesar de ter começado bem, não, ele não me demitiu.
Droga! E eu achando que agora teria a chance de estudar mais, correr atrás de um estágio melhor e sentir mais uma vez que é, eu sou foda mesmo.
Sair da posição do conforto. Desinstalar minha bunda desse estágio com um chefe bonzinho, em que eu chego atrasada todo dia e nunca levo bronca, cheia de pessoas simpáticas demais e onde já aprendi tudo que tinha pra aprender.
Ele só queria que eu ajudasse na implantação do cadastro nacional de adoção.
Pedir pra sair não vou, aí já é demais. Não, minha mãe me mata.
Ah, que saudade da minha mãe me matar.
"Mãe, extrapolei o limite do meu cartão e não vai dar pra te pagar esse mês, ta?". Ta bom, minha filha.
"Mãe, vou viajar sozinha, eu disse sozinha com meu namorado." Vai com Deus, querida.
"Mãe, vou me jogar do 6º andar do prédio". Tá Marília, só quero que você seja feliz.
Ahhh... tudo tranqüilo. Tudo calmaria. Que saco.
Minhas irmãs agora só me elogiam. Meu sobrinho ama meu colo. Tenho amigas super compreensivas, que nunca mais provocaram uma brigazinha sequer por minha ausência constante, sumiço repentino e por nunca atender o celular.
Um namorado "meia-boca" que me acha linda quando estou descabelada, escuta minhas histórias sem fim, paga as contas e quando quero, ainda me obedece.
Agora até a "ex-psicopata-depressiva" sumiu, parou de nos infernizar. Vai ser difícil sem ela agora.
Brigar é impossível. Já esgotei todos os motivos possíveis para uma possível briga.
E agora? Tenho a senha de e-mails e contas bancárias.
Tudo é concreto. Óbvio. Fácil demais.
E o problema é que não existem problemas.
Até deixei de pagar umas contas, que é pra ver se pelo menos o SERASA me manda umas correspondências e eu tenho uma preocupaçãozinha.
Não gosto de conquistas fáceis. Mas o problema (além de não existir problema) é que não foi fácil conseguir tudo isso.
Mas eu me pergunto: e agora?
Vai ver que a vida é isso mesmo.
Vou ficar quietinha, quem sabe fica assim pra sempre.
Ou quem sabe os problemas voltem.
Tomara.