sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Quinze pras nove

Texto de Tati Bernardi.
(Mas poderia ser meu):


Desisti. E isso é a coisa mais triste que tenho a dizer. A coisa mais triste que já me aconteceu. Eu simplesmente desisti.
Não brigo mais com a vida, não quero entender nada. Eu espero chegar as nove da noite pra tomar meu Rivotril. E desaparecer.
Vou nos lugares, vejo a opinião de todo mundo, coisas que acho deprê, outras que quero somar, mas as deixo lá. Deixo tudo lá. Não mexo em nada. Não quero. Odeio as frases em inglês mas o tempo todo penso “I don’t care”. Caguei. Foda-se. Eu espero chegar as nove da noite pra tomar meu Rivotril e desaparecer.
Me nego a brigar. Pra quê? Passei uma vida sendo a irritadinha, a que queria tudo do seu jeito. Amor só é amor se for assim. Sotaque tem que ser assim. Comer tem que ser assim. Dirigir, trabalhar, dormir, respirar. E eu seguia brigando. Querendo o mundo do meu jeito. Na minha hora. Querendo consertar a fome do mundo e o restaurante brega. Algo entre uma santa e uma pilantra. Desde que no controle e irritada. Agora, não quero mais nada. De verdade.
Ah, o roteiro não ficou bom? Então não me pague. Não vejo as mulheres mais bonitas em volta e corro pra malhar. Não quero malhar. Não vejo o que é feio e o que é bonito. É tudo a mesma merda. Não ligo se a faca tirar uma lasca do meu dedo na hora de cortar a maça. Não ligo pra dor. Pro sangue. Pro desfecho da novela. Se o trânsito parou, não buzino. Se o brinco foi pelo ralo, foda-se. Deixa assim. A vida é assim. Não brigo mais. Eu só espero chegar as nove da noite pra tomar meu Rivotril e desaparecer.
Não quero arrumar, tentar, me vingar, não quero segunda chance, não quero ganhar, não quero vencer, não quero a última palavra, a explicação, a mudança, a luta, o jeito. Eu quero, de verdade, do fundo do meu coração, que chegue logo as nove da noite. Hora do Rivotril. O remédio que me chapa. Eu quero chapar. Eu quero não sentir. Quero ver a vida em volta, sem sentir nada. Quero ter uma emoção paralítica. Só rir de leve e superficialmente. Do que tiver muita graça. E talvez escorrer uma lágrima para o que for insuportável. Mas tudo meio que por osmose. Nada pessoal. Algo tipo fantoche, alguém que enfie a mão por dentro de mim, vez ou outra, e me cause um movimento qualquer. Quero não sentir mais porra nenhuma. Só não sou uma suicida em potencial porque ser fria me causa alguma curiosidade. O mundo me viu descabelar, agora vai me ver dormir e cagar pra ele.
Eu quis tanto ser feliz. Tanto. Chegava a ser arrogante. O trator da felicidade. Atropelei o mundo e eu mesma. Tanta coisa dentro do peito. Tanta vida. Tanta coisa que só afugenta a tudo e a todos. Ninguém dá conta do saco sem fundo de quem devora o mundo e ainda assim não basta. Ninguém dá conta e...quer saber? Nem eu. Chega.
Não quero mais ser feliz. Nem triste. Nem nada. Eu quis muito mandar na vida. Agora, nem chego a ser mandada por ela. Eu simplesmente me recuso a repassar a história, seja ela qual for, pela milésima vez. Deixa a vida ser como é. Desde que eu continue dormindo.
Eu só espero chegar as nove da noite pra tomar meu Rivotril e desaparecer. Ser invisível, meu grande pavor, ganhou finalmente uma grande desimportância. Quase um alivio. I don’t care.








terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Muda

Eu sentei na calçada e pedi pra ele falar baixo. Um monte de gente passava olhando pra nós com olhar de reprovação.Do tipo, vocês são jovens,cheios de vida, namorar é a melhor coisa da vida. Parem de brigar. Tenho vontade de chutar o balde quando alguém me olha assim. Eu poderia muito bem ter ido pra casa e dito "boa noite, quando chegar em casa me liga,tá?". Mas definitivamente eu não sou normal e nem sei o que é namorar e aproveitar a vida então. Se namorar e aproveitar a vida for ter que engolir tudo goela abaixo e dar sempre um sorrisinho meio boca em fotos de casais pra colocar no orkut, tô fora. Prefiro ser a doida desequilibrada coitadinha que não dá certo com ninguém. Quem inventou que a gente tem que perdoar, aceitar as pessoas como elas são e sorrir sempre? No mínimo foi uma pessoa muito infeliz. Quer dizer que eu tenho que aceitar olhares intencionados pra outras mulheres, o peito siliconado da minha professora, a mudança repentina de humor ( e caráter?) e a falta de intensidade? No fundo eu gosto das pessoas porque elas são erradas. Qual é a graça de ter alguém que te acorda com flores, te busca no trabalho e te liga pra dar boa noite?Eu prefiro a missão de mudar alguém a ter alguém que não precise de mudança, porque assim quem vai mudar sou e eu não quero mudar. Eu sei ser legal, calma, inteligente, submissa e interagir com os amigos e AMIGAS dos meus namorados. Sei não ser ciumenta, egoísta e maluca no meio da rua. Mas todas as vezes que eu fui assim tive uma vidinha mais ou menos, um relacionamentozinho mais ou menos e um amorzinho mais ou menos. O mais engraçado é que a única vez que eu mudei levei um pé na bunda. Prefiro ser lembrada com saudade do que viver sendo esquecida aos poucos.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Do que você tem medo?

Eu chorei toda nossa dor de não conseguir se amar. Eu chorei por aquela ligação que ele não fez. Eu chorei porque é difícil ser a gente mesmo. Eu chorei pelo passado, pelo presente e pelo futuro. Eu chorei por aquele cara que não conseguiu pagar a faculdade. Eu chorei por a minha mãe estar com medo e eu não poder fazer nada. Eu chorei quando ele pensou em morte.Eu chorei porque tenho medo de monstros. Eu chorei porque chorar é mais fácil que se defender. Chorar é mais fácil que agredir.
Não tenho medo de agressões, sejam elas físicas ou verbais. Não tenho medo de ser exposta ao ridículo. Não tenho medo de cair do sexto andar. Não tenho medo de andar na corda bamba embaixo de jacarés. Não tenho medo de cobras. Não tenho medo de nada que venha de fora de mim.
Tenho medo das lágrimas que não escorrem no meu rosto. Pra onde elas vão? Tenho medo dessa minha mania de esquecer as coisas ruins sempre. Tenho medo do escuro, porque nele não se dá pra olhar nos olhos. Tenho medo de esquecer que tenho covinhas no sorriso. Tenho medo de esquecer de mim, de saber que eu já me dei tanto que talvez agora eu seja vazia. Eu tenho medo de chorar até dormir com o travesseiro ensopado. Eu tenho medo pelo simples fato de saber que qualquer um pode me magoar a vontade que eu vou continuar amando.
Eu tenho medo quando sinto vontade de abraçar que me tapeou.
Eu tenho medo do amor que tenho por todo o mundo e medo do amor que to parando de me dar.
Eu tenho medo do meu coração que parece ser um poço sem fim. Eu tenho medo de mim, que sou a casa de todos os montros de que tenho medo.
Eu tenho medo de mim.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Faça uma auto-crítica

A pedidos:

Eu sou mandona,egocêntrica e dona da verdade. Mas não sou mimada. Nunca fui mimada. Por favor, não invente mais “adjetivos” pra mim.
Eu nunca, nunca, nunca mesmo tô errada. Pode acreditar em mim. No máximo, posso estar confusa. Sou confusa pra caral... e não costumo falar palavrão. A não ser quando estou com muita raiva. Então, sou confusa pra caralho! Mas não confunda confusão com indecisão. Sei muito bem o que quero.
Quero alguém que NÃO me faça sentir raiva a ponto de me fazer falar palavrão, mas alguém que NÃO me critique quando eu falar. Quero alguém que tenha paciência pra ouvir tudo que eu tenha pra falar sem fazer caretas, olhar no relógio, brincar com a caneta ou me interromper e no final, quando eu der o “direito de resposta” apenas fale: ‘Não, não quero falar nada agora porque sei que a gente vai brigar’.
Quero alguém que NÃO goste de discutir a relação, porque NÃO vai dar motivos pra eu querer discutir a relação.
Quero alguém que NÃO caia nas minhas armadilhas maquiavélicas de puxar assuntos que levarão a brigas minutos antes de chegar na esquina da minha casa. Quero alguém que perceba que perder uma noite brigando dentro de um carro é loucura. Quero alguém que me diga a hora de parar porque eu nunca sei.
Quero alguém que me dê estabilidade emocional e NÃO uma montanha russa de sentimentos. Num dia gritos, no outro flores NÃO. Ah, quero alguém que me mande flores sem ser em data comemorativa, que leve chocolate numa aula chata, que vá almoçar comigo de surpresa. Quero alguém que fale que eu sou linda quando acabo de acordar e NÃO quando estou pesada de tanta maquiagem (apenas). Quero alguém que goste de me ouvir cantar e cante pra mim de vez em quando. Quero alguém inteligente o bastante pra eu admirar, mas humilde o suficiente para admitir que não sabe tudo e pode aprender comigo. Alguém que fale baixo e só grite quando for pra mandar eu parar de gritar.
Quero alguém que tenha vida além de mim, que é pra quando a gente terminar eu não me sentir culpada por ter te “roubado” dos seus amigos. Quero alguém que me diga NÃO de vez em quando. Que diga NÃO quando eu propor algum programa, mas depois que eu fizer algum charminho, fale ‘tá bom, o que eu não faço por você?’.
Quero alguém que goste das minhas amigas, mas NÃO ao ponto de se tornar amigo delas. Alguém que NÃO fique me perguntando o que eu tenho quando eu estiver triste, porque isso me deixa mais nervosa; que apenas me dê um abraço e fale que eu posso contar e desabafar quando quiser.
Quero alguém que me leve pra conhecer lugares novos e faça programas caros de vez em quando. Mas quando NÃO tiver dinheiro, me leve pra ver o pôr do sol ou contar estrelas.
Quero alguém que me deixe livre o bastante para querer ficar presa por vontade. Alguém que me afogue de alegria e prazer ao ponto de me desanimar a olhar pra outros homens.
Mas alguém que saiba demonstrar que tem medo de me perder.
Quero alguém que NÃO olhe pra trás quando passar uma gostosa. Quero alguém que se sinta bonito o bastante pra ser seguro, mas não o bastante pra achar que é insubstituível.
Quero alguém que NÃO fique puto comigo quando eu chorar compulsivamente porque falou oi com sua vizinha. Quero alguém que compreenda quando eu estiver na TPM.
Quero alguém que me ame como eu sou, mas que NÃO suporte os meus defeitos quando estes o tiverem machucando mais do que deveria.
Como eu tava falando, sou decidida. É isso que eu quero. O que eu NÃO quero também.
Sou meio louca psicótica e neurótica com horários. Dos outros. Eu mesmo, vivo atrasada.
É mais fácil eu perdoar uma traição do que o fato de me deixar esperando por cinco minutos.
Eu sou bruta e NÃO tenho paciência pra quem se faz de vítima.
Meu cérebro usa memória ram. Seletiva. Pode me xingar hoje, que amanhã to abraçada com você. Mas NÃO pense que isso é uma qualidade, as coisas vão acumulando e uma hora BUM! Cansei! Pois é, chega uma hora que eu canso. Daí parto pra outra. O problema é que esse BUM demora, enquanto isso vou agüentando. Mas nunca calada.
Enjôo das pessoas também. Sou por fase. Ah, às vezes NÃO atendo o telefone quando eu quero. Mas NÃO minto também.
Devo ter algum tipo “moderado” de transtorno bipolar (constata-se pelo meu último texto de poucos dias atrás, que falava de felicidade e esse agora agressivo total).Tenho humor sarcástico, NÃO tenho paciência pra fazer social e sou muito fresca com comida.
Meu guarda-roupa é uma bagunça, só lavo meu banheiro quando não dá mais pra suportar a lixeirinha entupida de papel e detesto escovar os dentes.
Tenho uma tendência fortíssima a supervalorizar meu passado e não tanto meu presente.
NÃO sei usar meu cartão de crédito, devo NÃO nego pago quando puder e também NÃO gosto de beijar na boca sempre.
Tenho estria, bunda mole e sou sedentária.
Sou egocêntrica. Já falei né? Não é a toa que tenho uma página na Internet que trata de um só assunto: eu mesma.
Mas aqui estão. Meus defeitos.
Por último: sou a pessoa mais cabeça-dura que existe na face da terra e não é que eu acho que a gente AINDA pode dar certo?

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Ela nunca vai embora

Ela tá quando eu acho que acabou. Mas tá também quando começo qualquer coisa. Naquele gostinho de novidade, expectativa de emprego novo, frio na barriga ao primeiro encontro, no cheiro de roupa ou boca nova. Ela me abraça forte nos domingos de tarde, quando o sol bate no meu rosto, mas não é ele que me enche de calor, é ela que pulsa quente no meu sangue e mostra o quanto viver é bom.
Ela me chama pra dançar quando toca minha música preferida, com o garfo como microfone na cozinha e inventando passos de danças engraçados. Estranhamente ela me acompanha numa música depressiva, naquela sessão “masoquismo musical” apenas pra me lembrar que se eu choro é de saudade e não de arrependimento. Ela sorri pra mim sem dente, tem umas mãozinhas gordinhas e é cheia de dobrinhas. Outras vezes ela é velha e bastante enrugadinha, anda devagar, mas passa a mão no meu cabelo e fala que “me ama mais”.
Tem dias que ela demora a aparecer, aparece à noite quando coloco minhas pantufas de bola, meu pijama surrado, me olho no espelho e vejo que a menina do quadro, em cima da minha cama sente orgulho e sorri da mulher que ela se tornou, mesmo de pijama e pantufas. Ou quando estou no meio de uma aula chata, quando ela me faz lembrar que falta pouco tempo pra esse tempo de aula chata acabar e aí pra não acabar logo, eu aproveito cada segundo da aula chata.
Algumas vezes ela some por uns momentos e me deixa alucinada. Procuro nos lugares e ela nunca está. Porque ela não gosta de ser procurada, ela gosta de fazer surpresa.
Eu estava lá, desesperada naquela sala, beirando o desespero da sua espera quando eu a encontro debaixo do braço dele, entre os sons das gargalhadas provocadas pelas minhas mãos. Agora eu já sei que ela não aparece em finais de histórias de amor, nem no começo também. Ela sorri em plena terça-feira a tarde quando você foge do trabalho, ou no meio daquela briga em que aparece a imensa vontade de gargalhar e achar aquilo tudo patético.
Ela tá nas minhas fotos antigas, no meu álbum super atual on-line, na minha caixa de entrada do gmail quando menos espero, no chocolate no fundo do copo, no cebolitos devorado ás pressas antes de ir pra faculdade,no meu IPOD que não aumenta o volume,no carinho na bochecha que meu pai me dá antes de ir trabalhar,no ralo do meu banheiro misturada com alguns fios de cabelo –porque é ele que leva todo cansaço, dor e sono embora- numa caixa decorada na minha gaveta cheia de cartinhas de amor.Tá na surpresa colorida deixada por minha mãe antes de eu acordar -e bem vinda nesses últimos dias que eu só vestia preto.Ela mora no meu armário, quando lembro de uma roupa bacana que nunca mais usei.
Ela é a pessoa mais insistente que eu conheço. Sobrevive a gritos, choros compulsvivos, broncas do chefe, sentimentos de culpa e de impotência.
Ela implora pra mim. Implora um pouco de atenção, porque como tudo que é bom na vida, ela não é exagerada.
A felicidade é sutil e se você perceber ela tá sempre com você.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Do MCDONALD'S ao CANECÃO - o que vale um sonho?

Posto meu texto, que publiquei no site do Leoni, como colunista do mês.
Tenho muito carinho por ele,um músico incrível e um ser humano admirável.
Escrito entre lágrimas e sorrisos, esse texto reflete e é regado a sonhos, com toda certeza, na melhor fase da minha vida:


http://www.leoni.com.br/post.php?titulo=do-mcdonalds-ao-canecao-o-que-vale-um-sonho-por-marilia-sampaio

Ps: Copie e cole no seu navegador.

Ps 2: Tem que se cadastrar no site pra comentar!

domingo, 21 de setembro de 2008

Carta a alguém

Tudo que eu queria era ter você agora.Não pra te beijar, nem te abraçar, muito menos pegar na sua mão –que eu sempre achei tão linda. Eu nem precisava de tanto. Só te ver, talvez de longe mesmo. Acho um absurdo sabe, a gente ter que trabalhar, encontrar os amigos, comprar pão na padaria depois que a gente se separou. Acho ridículo a vida continuar depois daquele dia que a gente se abraçou chorando na minha cama e decidimos que era melhor pra nós dois seguirmos caminhos diferentes. Devia ser proibido o sol continuar brilhando, as crianças nascerem e rirem pra mim, eu conseguir outro emprego, ter um eclipse, a nossa música continuar tocando nas rádios. Olhei pro telefone, mas por um minuto minha razão venceu meu impulso de te ligar. Eu odeio tudo isso que aconteceu. Eu odeio tudo isso que tá acontecendo. Odeio minha mania de sempre cumprir promessas. E eu prometi que nunca deixaria você sair da minha vida. Tenho que te contar um segredo. Todas as vezes que brigava com você, era uma maneira que eu encontrava de te perder aos pouquinhos. Porque eu pensava que perder uma pessoa com você de uma vez só iria doer muito. E fui muito bem sucedida nesse projeto. Quando a gente se separou eu até conseguir ficar apenas uma semana sem comer. Eu e minha mania de não me dar comida nem amor. Mas sobrevivi.Pouco depois já tinha um pretendente bacana na minha porta. Eu me divertia com ele e até consegui me entregar de novo a alguém. Mas passou. Sabe, ele não contava piadas tão sem graças quanto às suas, nem gostava de falar comigo no telefone. Droga! Por que você teve que contar pra mim aquele dia que você era estranho, grosso e que não sabia amar?Foi ali que eu comecei a te amar. É... você sabe que sou avessa à palavras bonitas. Eu comecei a te amar porque você me confessou seus piores e mais sinceros defeitos. Depois você falou que ninguém nunca tinha feito você se sentir tão amado na vida, a não ser eu. Um misto de saudade e culpa tomam conta de mim agora. Agora que você deve estar deitado na sua cama, com aquele bichinho de pelúcia que tampa a luz do Dvd que fica embaixo da sua televisão,de cueca branca e se sentindo sozinho. Eu lembro que domingo era sempre o pior dia. Hoje só foi mais um. Você não sabe o quanto eu tenho que me controlar para não perder a razão. Aquela mesma que você fazia eu perder, mas me devolvia de volta sempre que me abraçava ou pegava nas minhas bochechas. Eu sei que você me entenderia agora, limparia minhas lágrimas, cantaria e esperaria eu dormir pra ir embora. Posso te contar outro segredo? Jura que não conta pra ninguém? Eu quase amei outra pessoa. Você não ia gostar de saber quem é ele, por isso não vou falar. Eu fui carinhosa de novo. E fui acordá-lo de manhã no dia do aniversário dele, assim como fiz com você. Um dia eu fechei os olhos dele e cantei “um dia de domingo”... só que ao contrário de você, ele não deu muita bola. Ah, sabe aquele nossa esquema de você vir pra cá de madrugada pra tomarmos café juntos? É...eu fiz com ele também. E também escrevi pra ele. Embora nunca tivesse esquecido de você, eu acreditava que podia viver uma outra história de amor. Só que mais uma vez não foi. Não, eu não mudei não. Fiz tudo certinho dessa vez. Juro.Eu não brigo mais por besteiras, não tenho ciúmes bobos e nem cobro elogios. Eu até parei de chorar, sempre. Sabe aquele dia que você me falou que eu era a mulher que deixava qualquer homem se sentindo nas nuvens...que misturava força com simplicidade...bonita sem ser vulgar, então...eu não acreditei.Desculpa? Mas agora eu me sinto mais culpada ainda pela dor que eu to sentindo, eu não poderia estar sofrendo por esse cara. Que complicado, eu sei. Em memória à você, não poderia estar chorando por outro.Amando até que vai, mas sofrendo não. Hoje ele foi lá no meu quarto e rasgou a nossa foto. Rasgou a minha com ele também, mas não é o mesmo ferimento que corta as duas. Que bobo, pensa que assim consegue apagar alguma coisa. Eu sei que não vou te encaminhar esse e-mail.Até porque você nem quer contato comigo. Incrível como eu não consigo te odiar, nem assim.Só que a nossa ligação não acabou com o relacionamento. Como o fato de eu me acalmar pelo simples fato de estar escrevendo pra você. Lembra que um dia, chorando muito, você falou que eu iria encontrar alguém “pra me fazer feliz”? Então, eu pensei que tinha encontrado. Me enganei de novo. Mas você sabe o tanto que eu insisto nessa mania de acreditar sempre. Se isso acontecer, não se preocupe, porque eu também tenho mania de cumprir promessa e você sabe qual é a nossa.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Tudo sobre perder o que não se tem

Tudo é tão frágil, raso, despedaçado. Como um louça de cristal quebrada, em pedaços tão pequenos que se perdem entre os dedos...mas que mesmo assim consegue machucar a mão da gente. O fato mais intrigante é que nunca foi inteiro...aliás começou pela quebra,pelo barulho,com ruptura. Como se pudesse inverter as ordens naturais das coisas, quis que começasse do fim. Foram diárias tentativas bem sucedidas,um "quase amor", uma "quase felicidade"...um "quase" sempre.
Foi inteiro de novo, sem nunca ter sido um dia. Eu tentei e pela primeira na vez na vida trilhei pelo caminho do meio.A mediocridade. E uma falsa estabilidade. Mas não dava. Não era eu. Eu sou desastrada demais pra carregar algo tão frágil. E ainda assim,muitas vezes quando os caquinhos tavam se juntando vinha um vento e levava os encaixes (im)perfeitos. Vivia em modo “stand by” só esperando acontecer o óbvio. A "mentira menos sincera". A traição tão desejada. Pronto. Ia acabar com tudo e nunca mais precisaria tentar encaixar nada no lugar. Nunca fui boa em quebra cabeça. Aliás, em nada que precisasse usar a cabeça. Ou então quem sabe a vida me surpreenderia e o amor, paixão enlouquecedora e desejo pelo futuro em conjunto retornaria.Com o tempo. Eu era assim antes. Eu amava assim antes. Eu podia ser eu antes. Torcia pra bater aquela vontade de dizer que amo no meio de uma briga e esquecer do universo naquele momento. Talvez isso só estivesse em coma dentro de mim... e uma hora acordaria. Nada disso aconteceu. Estou com os cacos na mão de uma coisa que nunca existiu. Não teve começo, não tem fim...só esse intervalo que eu chamo de relacionamento. Espaços alternados de brigas e reconciliações. Quem dera as reconciliações fosse melhores que as brigas. Porque será que temos tanto medo do incerto? “Nem desistir nem tentar”. Por que é tão difícil pôr um fim a uma coisa que nem você acredita que vai dar certo? Gostar de alguém às vezes dói, não gostar de alguém pode doer também...mas não gostar de você mesmo quando está com alguém é algo apavorante.Se eu tivesse motivo pra parar eu pararia. Se eu tivesse motivos pra amar, poderia ser eu de novo. E amaria. Os restos do nada se misturam com restos de esperança e sobras de mim mesma...que nunca sei como continuar, principalmente porque não se continua o que nunca começou.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

A felicidade é um saco

É incrível como nunca estamos satisfeitos. Estamos sempre em busca de alguma coisa que nos faça sentir ?completos?.
Eu particularmente nunca tive grandes ambições. Do tipo ganhar na loteria, ser pós-doutora em não sei lá o quê ou casar com um velho milionário.
Meus sonhos estão mais pautados em um casamento com um cara bacana (que saiba fazer comida e filhos), ter filhos, exercer minha profissão e uma casinha arrumadinha.
Tudo relativamente fácil de se alcançar.
Justamente por medo de querer algo grandioso demais e conseguir. E pensar: "E agora? O que vai me motivar daqui pra frente?Tá dado? Acabou? Felicidade é isso?".
Sempre achei que ela estivesse nas entrelinhas do dia a dia. Mas contraditoriamente, preciso de motivações e estímulos para continuar.
Não para "chegar lá" de fato, mas para o percurso ser mais interessante.
Esses dias, depois de tanto tempo, até sentir um friozinho na barriga quando meu chefe me chamou pra conversar.
"Eba! Agora ele vai falar que não precisa mais de meus serviços como estagiária e me demitir."
- "A nossa seção está precisando mais de você, Marília".
Apesar de ter começado bem, não, ele não me demitiu.
Droga! E eu achando que agora teria a chance de estudar mais, correr atrás de um estágio melhor e sentir mais uma vez que é, eu sou foda mesmo.
Sair da posição do conforto. Desinstalar minha bunda desse estágio com um chefe bonzinho, em que eu chego atrasada todo dia e nunca levo bronca, cheia de pessoas simpáticas demais e onde já aprendi tudo que tinha pra aprender.
Ele só queria que eu ajudasse na implantação do cadastro nacional de adoção.
Pedir pra sair não vou, aí já é demais. Não, minha mãe me mata.
Ah, que saudade da minha mãe me matar.
"Mãe, extrapolei o limite do meu cartão e não vai dar pra te pagar esse mês, ta?". Ta bom, minha filha.
"Mãe, vou viajar sozinha, eu disse sozinha com meu namorado." Vai com Deus, querida.
"Mãe, vou me jogar do 6º andar do prédio". Tá Marília, só quero que você seja feliz.
Ahhh... tudo tranqüilo. Tudo calmaria. Que saco.
Minhas irmãs agora só me elogiam. Meu sobrinho ama meu colo. Tenho amigas super compreensivas, que nunca mais provocaram uma brigazinha sequer por minha ausência constante, sumiço repentino e por nunca atender o celular.
Um namorado "meia-boca" que me acha linda quando estou descabelada, escuta minhas histórias sem fim, paga as contas e quando quero, ainda me obedece.
Agora até a "ex-psicopata-depressiva" sumiu, parou de nos infernizar. Vai ser difícil sem ela agora.
Brigar é impossível. Já esgotei todos os motivos possíveis para uma possível briga.
E agora? Tenho a senha de e-mails e contas bancárias.
Tudo é concreto. Óbvio. Fácil demais.
E o problema é que não existem problemas.
Até deixei de pagar umas contas, que é pra ver se pelo menos o SERASA me manda umas correspondências e eu tenho uma preocupaçãozinha.
Não gosto de conquistas fáceis. Mas o problema (além de não existir problema) é que não foi fácil conseguir tudo isso.
Mas eu me pergunto: e agora?
Vai ver que a vida é isso mesmo.
Vou ficar quietinha, quem sabe fica assim pra sempre.
Ou quem sabe os problemas voltem.
Tomara.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Com passado e sem futuro

Passado pra trás.
Passado a limpo.
Passado, lavado e enxugado.
Passado. Só passado.

Todo mundo fala que o presente é uma dádiva, por isso o nome. Supervalorizam esses segundos que estamos vivendo agora, como se eles fosse capazes de modificar o curso da nossa história.
Do futuro esperam uma vida melhor, despejam em cima do pobre coitado todas as expectativas de um passado mal resolvido.
Passado. Tantos querem apagá-lo, reformá-lo e quando uma coisa ruim acontece, esperam o dia amanhecer para dizer que está apenas no passado. Já foi. Já era. Acabou.
Mas esquecem que tudo que somos hoje é reflexo do que fomos.
Você é o tombo na escola, quando todo mundo riu de você.
Você é a menina feia e cheia de apelidos maldosos na quinta série.
Você é aquela sensação de sacanear alguém.
Você é como sua mãe te educou pra ser.
Você não é um novo homem ou uma nova mulher. Você é um velho homem cheio de manias adquiridas ao longo tempo. E você é uma velha mulher que aprendeu a ser curta e grossa, por já ter se fodido muito em ser boazinha.
Tenho um sério problema em me desvencilhar do meu passado.
Não consigo terminar uma relação. Vai embora, a fila andou.
Mas tenho um dom raríssimo de acabar com ela aos poucos. Não sei,com o sofrimento já estou acostumada e ele é sempre previsível.
Mas a felicidade é incerta e isso me dá medo.
Por isso, quando um cara bacana aparece na minha porta, eu já vou logo tratando de despachá-lo.
Não antes de fazer ele se apaixonar bem muito por mim. Pelas minhas manias. Pelo meu ciúme que inicialmente é tão bonitinho. Pelas carinhas que eu faço. Pelo meu jeito romântico e libertário ao mesmo tempo. Por cada presente elaborado. Faço o mané se apaixonar por mim, pra ter o prazer de ver ele sofrer por mim depois.
E eu sofrer mais ainda por fazê-lo sofrer.
É como querer aquela “dorzinha boa” de tirar a casquinha do machucado.
No fundo isso me satisfaz. É...devo ser doente mesmo.
Algum tipo de masoquista sentimental. Prefiro sofrer aos pouquinhos. Deixar de amar aos pouquinhos.
Porque deixar de amar de uma vez eu nunca consegui.
Na verdade, eu tenho uma teoria de que o amor nunca acaba. E não se ama uma vez só na vida.
É muito simples pra mim. Amei fulano e agora amo beltrano. Mas para amar beltrano, não preciso deixar de amar fulano.
Não existe substituição no amor.
Não estou falando de sexo e traição. To falando daquele amor, que não faz mais você pensar nele todo dia, nem te faz chorar ao relembrar aquela música. To falando daquele amor que ficou pra trás, que por “incopatibilidade de personalidades” não durou a vida toda. Mas que hoje é uma lembrança boa, que também vai ser pra vida toda.
Se acabou, não era amor.
Paixão, sexo, vontade, carinho, amizade, pena...o que for, menos amor.
Quando a gente ama, tem vontade de mudar o mundo inteiro só pra não ver aquela pessoa chorar de novo.
Então, acho que de fato, estou amando.
Ok. Muito tarde, porque quem faz ele chorar não é o mundo inteiro. Sou eu mesma. Que acho que amo.
Além do mais, já estou perdendo” minha elasticidade” (by Mayara)e esse efeito elástico de vai e volta ta fazendo tudo que eu nunca tive coragem de fazer: pôr um fim.
Não que eu quisesse que terminasse, mas eu prefiro alguém feliz longe de mim, do que infeliz ao meu lado.
E ele se tornaria parte do meu passado. Esse mesmo, que hoje ele critica e tem ciúme.
Um passado que não foi só flores, mas que nunca, nunca mesmo foi um erro.
Tenho orgulho do meu passado, porque nele estão pessoas que amei. Que amo ainda. Que sempre vou amar.
E isso não me impede de te amar agora.
Meu passado sou eu.
Eu só sou essa mulher por quem você se apaixonou por que eu tive um passado. Relações conturbadas, intensas, felizes...mas que me fizeram aprender mais. A sofrer e a amar mais. Mais a sofrer, eu acho.
Desculpe, mas aqui só tem a promoção do “pacote completo”. A Marília com seu passado, presente e futuro.
Não se pode deletar as pessoas da nossa vida, como fazemos no orkut e msn. E eu juro, que não quero, como naquele filme BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS esquecer o que eu já vivi com alguém.

Eu sou tudo o que eu vivi com essas pessoas. Mas posso ser tudo que vou viver com você.
Mas se mesmo assim você insistir em culpar e diminuir meu passado, sinto muito mas você passará a ser parte dele.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Dúvida cruel

Moreno claro, 25 anos, cabelo castanho claro, olhos mais lindos do mundo que mudam de acordo com a camisa que ele usa. Boca pequena, o que chega a ser um quase defeito.Braços tatuados.Cabelo lisinho caindo na testa (ai meu Deus, pegou pesado comigo né?), covinha no sorriso, tem uma banda de reggae, toca violão e guitarra (aiaiaia. Chego a imaginar me fazendo de difícil cantando "solos de guitarra não vão me conquistar..uuuu"), mora num bairro nobre perto da minha casa, acabou de comprar um Peugeot branco (que mané cavalo branco, agora princípe encantado vem em carro conversível), servidor público federal e me implora pra eu voltar de carona com ele todo dia.Falta me comer com os olhos.
- Teve uma comemoração dos aniversariantes da minha seção, inclusive eu e tá rolando um bolo aqui. Você quer um pedaço?. Eu pergunto. É eu sou meio oferecida às vezes.
- Se vier com um abraço, junto até faço esse "sacrifício". Ps: Você tá linda hoje!
Repara nos meus brincos (Ai!Meu ponto fraco!) e leva marmita pro trabalho, o que quer dizer que é saudável ou mão de vaca. Fuma um baseado, mas não é nada demais.Se veste bem e dá em cima de mim há, no mínimo, quatro meses. Não!Melhor não!Ontem eu reparei um anel dourado em sua mão esquerda. Anéis nunca são só anéis. Proximo, por favor!


Branquelo, alto. Bem alto. Uma certa barriguinha de chopp, o que quer dizer que não é desses bombados acefalos que só pensam em academia e mulheres gostosas (mais em academia do que em mulheres gostosas). Também tem covinhas. 26 anos. Formado. Cursando pós. Tem sua própria empresa produtora de eventos (o que significa as melhores festas de Brasília de graçaaaaaaa.) e amigos da alta burguesia da cidadade influentes em todos os buracos (nem todos). Mora sozinho. A também 10 minutos da minha casa.Quer ter filhos (aiaiaia!). Levou o maior jeito com o moleque que fomos "padrinhos" por um dia em uma tarde de sol de rachar num parque de diversões. 'Não vamos perder contato". "Pega meu cartão". "Eu deixo você e sua amiga em casa". Ou eu tenho síndrome de mulher que se acha a gostosa ou ele tá meio que dando em cima de mim também
.Ai! Mas esse nunca fez nada?Nunca chamou pra um cineminha, nunca pediu telefone. Ah não, esse não vai!


Moreno, estilo surfista-playboy-metido a cult. Uns 23 anos. Um pouco baixinho. Tudo bem que mulher gosta de homão, que proteja, que abrace por trás. Mas um estilo "amostra grátis" bonitinho também tem seu valor. Conversa bem. Do tipo canalha-conquistador -que -conquista- todas- as- mulheres-inclusive-eu. "Como eu vou chegar na minha cidade e falar que conheci uma loirinha linda, mas que eu nem sei o nome?". Aquele tipo que elogia, te quer e some no dia seguinte. Hummm...pensando bem, esse deve ter um monte de garotas gostosas e fúteis atrás dele e só ta "me querendo" porque eu não dei muita moral. Ah não, esse não. E eu não sou gostosa e fútil Não muito. Não muito fútil.


Branco do cabelinho preto. 23 anos. Uma tendência à calvície, mas quem liga As perninhas cambotas que são um charme. O sorriso mais lindo do universo. Os pés branquinhos e o peito muito cabeludo. Nem alto, nem baixo...sabe aquele "no ponto"? Nem tão alto pra ficar estranho quando andar de mãos dadas, nem tão baixo que você coloca um salto e ele desaparece. Umas costas largas demais, chega a ser desproporcional. Os braços, ah...que braços! O melhor beijo da minha vida. O maior sofrimento da minha vida. A maior felicidade. O relacionamento mais contubado da história. A história de amor mais real. Tudo em maior intensidade tinha sido com ele até hoje. Putz!Esse idiota não satisfeito em me deixar um ano sofrendo por ele ainda vem me pertubar nos meus sonhos e desejos mais profundos. Ah não, esse é só uma lembrança (gostosa -o-) em madrugadas insones.


O último por favor.


Um moreno "tisnado", cheio de cicatrizes no corpo. 27 anos. Uma tatuagem nas costas. Poucos pêlos no corpo e os que restam ele ainda depila (calma, ele é hetero e não depila as pernas e o suvaco! Também não faz a sobrancelha, juro!). Parece magrinho, ás vezes franzino... o que faz ser ainda mais bonito sem. Uma pintinha no queixo. Uma pintinha perto da bunda. Uma pintinha, gente. Um dedo a menos (é sério e não é pra rir), uma pegada a mais.Um beijo horroroso. Agora um beijo bom. Me manda flores, diz que me ama e me chama de gostosa (Aiai!).Suporta todas minhas crises de choro, riso e conversas sem fim.Vive falando que vai me esquecer, mas é viciado em mim. E eu nele.
Será?

Melhor um baseado ou um homem meio problemático?
Ou os dois?
Ou todos esses juntos.
Realmente, como diz meu pai, eu sou mesmo Insaciável.


Ai! Meu Deus, é muito amor pra dar!
Só amor, gente.

sábado, 5 de julho de 2008

A última vez pela última vez

- Você não podia ter feito isso comigo!
Essa foi a última frase dita antes de eu ir embora .
Mas antes tinha passado a mão em seu rosto e limpado a lágrima que insistia em escorrer. Peguei o ônibus e antes que que sentasse em alguma cadeira, o disgramado já tava me ligando. A-c-a-b-o-u. The end. Fim de linha. Perdeu, playboy.
Era o que eu queria falar. Mas quem iria acreditar?
A "ultima vez" pela énesima vez né?
Preferi atender e culpar o barulho do ônibus por não estar entendendo nada. Só ouvi um "quando chegar em casa te ligo, tá?".
Filho da mãe. (Preferi não chamá-lo de "da puta" porque a mãe dele é um amor, sério!)
Eu que sou.
Filha da puta de deixar isso acontecer comigo de novo.
Fazer minha mãe (que não é puta) ficar preocupada comigo por eu estar chorando. De novo.
A última vez pela última vez agora.
Mas hoje foi diferente.
Olhei muito pra aquele cara feio (tá eu não acho, mas ele é sim!), com uma bermuda e chinelo horrorosos, que não tinha um carro pra me deixar em casa dignamente, sem dinheiro, que conta as piadas mais sem graças do mundo, com uma ex-namorada louca-psicopata-doente que me persegue ,controlador, que tem ciúme até da minha sombra, safado (tá tá bom que isso bem canalizado são outros quinhentos), que foi o pivô do término do meu namoro ( com o cara que eu mais amei na vida), grudento, carente e que me cobra o fato de eu não andar de mãos dadas e colocar namorando no orkut.
Ah, vai se foder! (É..também tenho direito de falar palavrão agora e vocês não sabem como me sinto melhor agora.Ufa!)
O que são mãos dadas quando há perdão, abraços depois que ele me ferra com meu professor preferido,ouço pacientemente os discursos dele de como mudar o mundo, beijo quando ele menos espera...o que são mãõs dadas diante de um sentimento e de uma postura que tenho certeza que nenhuma outra mulher no mundo teria nessa relação?
Cansei, sabe?
Não quero um cara que aponte meus defeitos vinte quatro hora por dia, que grite quando eu estiver chorando, que tenha fotos de mulheres gostosas em seu computador, que não confie mim, mas que no final do dia, depois do escambau ainda me ligue e fale que me ame.
Tenho defeitos, mas não preciso de alguém pra me fazer lembrar deles.
Choro e se alguém gritar comigo a tendência é piorar.
E sou muito mais gostosa que essas mulheres aí.
E pensar que eu quase falei que o amava.
E pensar que eu quase o amei mesmo.
Todo mundo tem uma segunda chance né? (Mesmo se não for a segunda???)
Pois então vou tentar que essa seja "a ultima vez pela última vez".

É só mais um blog

Sabia que voltaria a essa vida de blog. É mais fácil escrever aqui do que no papel.
Preciso escrever assim como preciso respirar às vezes. E tenho respirado muito pouco ultimamente.
Por isso não tenho a pretensão de nada com isso aqui. É só o meu espaço.


Se um dia você parar aqui, pode se assustar.Ou se apaixonar. (Não necessariamente nessa mesma ordem).

Porque aqui sou eu sempre.
E só.